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sábado, 26 de setembro de 2015

Filosofia Antiga e Medieval (ANPOF)

http://www.anpof.org/portal/images/XV_Encontro_ANPOF/textos_PDF/ANPOF_XV1.pdf

domingo, 13 de setembro de 2015

Questões de vestibular sobre Aristóteles.

1. (UEL) Leia o texto a seguir. O pensamento moderno caracteriza-se pelo crescente abandono da ciência aristotélica. Um dos pensadores modernos desconfortáveis com a lógica dedutiva de Aristóteles – considerando que esta não permitia explicar o progresso do conhecimento científico – foi Francis Bacon. No livro Novum Organum, Bacon formulou o método indutivo como alternativa ao método lógico-dedutivo aristotélico. 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Bacon, é correto afirmar que o método indutivo consiste
 
A) na derivação de consequências lógicas com base no corpo de conhecimento de um dado período histórico. 
B) no estabelecimento de leis universais e necessárias com base nas formas válidas do silogismo tal como preservado pelos medievais. 
C) na postulação de leis universais com base em casos observados na experiência, os quais apresentam regularidade. 
D) na inferência de leis naturais baseadas no testemunho de autoridades científicas aceitas universalmente. 
E) na observação de casos particulares revelados pela experiência, os quais impedem a necessidade e a universalidade no estabelecimento das leis naturais.

2. PUC/Paraná – 2008
Em relação à definição de Bem apresentada por Aristóteles, no Livro I da Ética a Nicômaco, considere as seguintes alternativas:
I. O Bem é algo que está em todas as coisas, sendo identificada nos objetos, mas não entre os
homens.
II. O Bem é aquilo a que todas as coisas tendem, ou seja, o bem é definido em função de um fim.
III. O Bem é o meio para termos uma ciência eficiente e útil, tal como a arte médica será
eficiente se tivermos o bem como meio de sua prática.
IV. O Bem é algo abstrato, de difícil acesso à compreensão humana.
De acordo com tais afirmações, podemos dizer que:

A) Apenas a alternativa II está correta.
B) As alternativas II e III estão corretas.
C) Todas as alternativas estão corretas.
D) As alternativas III e IV estão corretas.
E) Apenas a alternativa III está correta.

3. PUC - Paraná (2008)
Para Aristóteles, em Ética a Nicômaco, “felicidade [...] é uma atividade virtuosa da alma, de certa espécie”. Assinale a alternativa que NÃO condiz com a referida definição aristotélica de felicidade:


A) Felicidade só é possível mediante uma capacidade racional, própria do homem.
B) Ter felicidade é obter coisas nobres e boas da vida que só são alcançadas pelos que agem retamente.
C) Felicidade é uma fantasia que o homem cria para si.
D) Nenhum outro animal atinge a felicidade a não ser o homem, pois os demais não podem participar de tal atividade.
E) A finalidade das ações humanas, o Bem do homem, é a felicidade.

4. (UFU 2007) Leia atentamente o trecho de Aristóteles, citado abaixo, e assinale a alternativa que o interpreta corretamenente.
“Como já vimos há duas espécies de excelência: a intelectual e a moral. Em grande parte a excelência intelectual deve tanto o seu nascimento quanto o seu crescimento à instrução (por isto ela requer experiência e tempo); quanto à excelência moral, ela é o produto do hábito [...]”.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. ColeçãoOs Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
A) A excelência moral é superior à intelectual porque é resultado do nascimento.
B) A excelência intelectual é positiva e a moral negativa.
C) As excelências intelectual e moral anulam-se respectivamente.
D) As excelências moral e intelectual possuem, respectivamente, origem no hábito e na instrução.

5. (UEL – 2011) Leia o texto a seguir. Homero, sendo digno de louvor por muitos motivos, é-o em especial porque é o único poeta que não ignora o que lhe compete fazer. De fato, o poeta, em si, deve dizer o menos possível, pois não é através disso que faz a imitação. Os outros intervêm, eles mesmos, durante todo o poema e imitam pouco e raramente. Ele, pelo contrário, depois de fazer um breve preâmbulo, põe imediatamente em cena um homem, uma mulher ou qualquer outra personagem e nenhum sem caráter, mas cada uma dotada de caráter próprio. 
(ARISTÓTELES. Poética. Trad. A. M. Valente. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2004. p. 94-95.)
 Com base no texto e nos conhecimentos sobre a mímesis em Aristóteles, assinale a alternativa correta. 
a) As personagens devem aparecer agindo menos e o poeta falando mais, como faz Homero. 
b) Ao intervir muito no poema, sem colocar personagens, o poeta imita com qualidade superior. 
c) Ao dizer o menos possível, Homero coloca as personagens em ação e assim ele é mais imitador. 
d) Homero é elogiado por iniciar seus poemas com breves preâmbulos e pouco se referir a personagens em ação. 
e) O poeta deve fazer uma breve introdução e iniciar a ação narrando sem necessidade de personagens.

6. (UEL – 2011) Leia o texto a seguir. A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática.
 (Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada ética em Aristóteles, pode-se dizer que a virtude ética 
a) reside no meio termo, que consiste numa escolha situada entre o excesso e a falta. 
b) implica na escolha do que é conveniente no excesso e do que é prazeroso na falta. 
c) consiste na eleição de um dos extremos como o mais adequado, isto é, ou o excesso ou a falta. 
d) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão de preferências pragmáticas. 
e) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o fato de que a natureza é que nos torna mais perfeitos.

 7. (UEL – 2011) Leia os textos a seguir.
 Aristóteles, no Livro IV da Metafísica, defende o sentido epistêmico do princípio de não contradição como o princípio primário, incondicionado e absolutamente verdadeiro da “ciência das causas primeiras”, ou melhor, o princípio que se apresenta como fundamento último (ou primeiro) de justificação para qualquer enunciado declarativo em sua pretensão de verdade. “É impossível que o mesmo atributo pertença e não pertença ao mesmo tempo ao mesmo sujeito, e na mesma relação. [...] Não é possível, com efeito, conceber alguma vez que a mesma coisa seja e não seja, como alguns acreditam que Heráclito disse [...]. É por esta razão que toda demonstração se remete a esse princípio como a uma última verdade, pois ela é, por natureza, um ponto de partida, a mesma para os demais axiomas.” 
(ARISTÓTELES. Metafísica. Livro IV, 3, 1005b apud FARIA, Maria do Carmo B. de. Aristóteles: a plenitude como horizonte do ser. São Paulo: Moderna, 1994. p. 93.) 
Com base nos textos e nos conhecimentos sobre Aristóteles, é correto afirmar:
a) Aqueles que sustentam, com Heráclito, conceber verdadeiramente que propriedades contrárias podem subsistir e não subsistir no mesmo sujeito opõem-se ao princípio de não contradição.
b) Pelo princípio de não contradição, sustenta-se a tese heracliteana de que, numa enunciação verdadeira, se possa simultaneamente afirmar e negar um mesmo predicado de um mesmo sujeito, em um mesmo sentido. 
c) Nas demonstrações sobre as realidades suprassensíveis, é possível conceber que propriedades contrárias subsistam simultaneamente no mesmo sujeito, sem que isso incorra em contradição lógica, ontológica e epistêmica. 
d) Para que se possa fundamentar o estatuto axiomático do princípio de não contradição, exige-se que sua evidência, enquanto princípio primário, seja submetida à demonstração. 
e) Com o princípio de não contradição, torna-se possível conceber que, se existem duas coisas não idênticas, qualquer predicado que se aplicar a uma delas também poderá ser aplicado necessariamente à outra.

domingo, 6 de setembro de 2015

Vestibular UEL 2009



Leia o texto a seguir e responda à questão 1.

Texto I 

– Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, a fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objetos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objetos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objetos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldade e suporia que os objetos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam? 

(PLATÃO. A República. 7. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. p. 318-319.)




1. O texto é parte do livro VII da República, obra na qual Platão desenvolve o célebre Mito da Caverna. Sobre o Mito da Caverna, é correto afirmar.

I. A caverna iluminada pelo Sol, cuja luz se projeta dentro dela, corresponde ao mundo inteligível, o do conhecimento do verdadeiro ser. 

II. Explicita como Platão concebe e estrutura o conhecimento. 

III. Manifesta a forma como Platão pensa a política, na medida em que, ao voltar à caverna, aquele que contemplou o bem quer libertar da contemplação das sombras os antigos companheiros. 

IV. Apresenta uma concepção de conhecimento estruturada unicamente em fatores circunstanciais e relativistas. 

Assinale a alternativa correta. 

a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. 




2. Para Platão, no livro IV da República, a justiça, na cidade ideal,

Baseia-se no princípio em virtude do qual cada membro do organismo social deve cumprir, com a maior perfeição possível, a sua função própria. Tanto os ‘guardiões’ como os ‘governantes’ e os ‘industriais’ têm a sua missão estritamente delimitada, e se cada um destes três grupos se esforçar por fazer da melhor maneira possível o que lhes compete, o Estado resultante da cooperação destes elementos será o melhor Estado concebível. 

(JAEGER, W. Paidéia: a formação do homem grego. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 556.) 

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Platão, assinale a alternativa correta.

a) A cidade, de origem divina, encontra sua perfeição quando reina o amor verdadeiro entre os homens, base da concórdia total das classes sociais. 
b) A justiça, na cidade ideal, consiste na submissão de todas as classes ao governante que, pela tirania, promove a paz e o bem comum. 
c) A cidade se torna justa quando os indivíduos de classes inferiores, no cumprimento de suas funções, ascendem socialmente. 
d) A justiça, na cidade ideal, manifesta-se na igualdade de todos perante a lei e na cooperação de cada um no exercício de sua função.
e) Na cidade ideal, a justiça se constitui na posse do que pertence a cada um e na execução do que lhe compete.




3. Com base nos conhecimentos sobre o pensamento político de Aristóteles, é correto afimar.

a) A reflexão aristotélica estabelece uma clara separação entre política e ética, uma vez que a parte (vida individual) não pode se confundir com o todo (comunidade política). 
b) A lei, para Aristóteles, como expressão política da ordem natural e, portanto, intimamente ligada à justiça, é o princípio que rege a ação dos homens na pólis. 
c) Aristóteles sustenta que cada homem, por sua liberdade natural, sempre age tendo em vista algo que lhe parece ser um bem, alcançando sua perfeição pela satisfação de suas paixões e necessidades individuais. 
d) O conceito de felicidade a que, segundo Aristóteles, visa individualmente a ação humana, está desvinculado do conceito de justiça como um exercício político orientado ao bem comum. 
e) Na concepção política de Aristóteles, torna-se evidente que a idéia de bom governo, de regime justo e de cidade boa depende da tripartição dos poderes.
Leia atentamente o texto a seguir e responda à questão 4.
Texto II 
A palavra que empregamos como ´Estado’ não significa outra coisa que ´cidade’. Apesar de Aristóteles ter vivido até ao fim da idade de ouro da vida da cidade grega e ter estado em íntimo contato com Filipe e Alexandre, foi na cidade e não no império que ele viu, não apenas a forma mais elevada de vida política conveniente à sua época, mas também a forma mais elevada que era capaz de conceber. Todo agregado mais vasto constituía para si uma mera tribo ou um emaranhado de pessoas sem homogeneidade. Nenhum império impondo a sua civilização aos povos mais atrasados, nem uma nação constituída em Estado, estavam ao alcance da sua visão. 
(ROSS, D. Aristóteles. Lisboa: Dom Quixote. 1987. p. 243.)


4. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento político de Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.
I. A forma de vida mais adequada para o cidadão é aquela na qual todos os habitantes da cidade, indistintamente, participam da vida política, governando e sendo governados. 
II. O Estado nasce com o objetivo de proporcionar a vida boa, compreendida como estando vinculada às questões morais e intelectuais. 
III. Assim como outros autores da tradição, também Aristóteles pensa a origem do Estado como um ato de mera convenção sem vínculos com a natureza humana. 
IV. Na teorização que Aristóteles faz sobre o Estado, está presente a família, como, por exemplo, na tese de que o “Estado deriva da família”. 
Assinale a alternativa correta.
 
a) Somente as afirmativas I e III são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Leia o seguinte texto de Maquiavel e responda à questão 5.
Texto III 
[...] como é meu intento escrever coisa útil para os que se interessarem, pareceu-me mais conveniente procurar a verdade pelo efeito das coisas, do que pelo que delas se possa imaginar. E muita gente imaginou repúblicas e principados que nunca se viram nem jamais foram reconhecidos como verdadeiros. Vai tanta diferença entre o como se vive e o modo por que se deveria viver, que quem se preocupar com o que se deveria fazer em vez do que se faz aprende antes a ruína própria, do que o modo de se preservar; e um homem que quiser fazer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus. Assim, é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade.
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. cap. XV. Coleção “Os pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 69.)

5. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Maquiavel acerca da relação entre poder e moral, é correto afirmar.

a) Maquiavel se preocupa em analisar a ação política considerando tão-somente as qualidades morais do Príncipe que determinam a ordem objetiva do Estado.
b) O sentido da ação política, segundo Maquiavel, tem por fundamento originário e, portanto, anterior, a ordem divina, refletida na harmonia da Cidade.
c) Para Maquiavel, a busca da ordem e da harmonia, em face do desequilíbrio e do caos, só se realiza com a conquista da justiça e do bem comum.
d) Na reflexão política de Maquiavel, o fim que deve orientar as ações de um Príncipe é a ordem e a manutenção do poder.
e) A análise de Maquiavel, com base nos valores espirituais superiores aos políticos, repudia como ilegítimo o emprego da força coercitiva do Estado.

Leia o seguinte texto de Hobbes e responda à questão 6.
Texto IV 
A maior parte daqueles que escreveram alguma coisa a propósito das repúblicas o supõe, ou nos pede ou requer que acreditemos que o homem é uma criatura que nasce apta para a sociedade. Os gregos chamam-no zoon politikon; e sobre este alicerce eles erigem a doutrina da sociedade civil [...] aqueles que perscrutarem com maior precisão as causas pelas quais os homens se reúnem, e se deleitam uns na companhia dos outros, facilmente hão de notar que isto não acontece porque naturalmente não poderia suceder de outro modo, mas por acidente.
[...]
Toda associação [...] ou é para o ganho ou para a glória – isto é, não tanto para o amor de nossos próximos, quanto pelo amor de nós mesmos. [...] se fosse removido todo o medo, a natureza humana tenderia com muito mais avidez à dominação do que construir uma sociedade. Devemos, portanto, concluir que a origem de todas as grandes e duradouras sociedades não provém da boa vontade recíproca que os homens tivessem uns para com os outros, mas do medo recíproco que uns tinham dos outros.
(HOBBES, T. Do Cidadão. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 28-29; 31-32.)


6.Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento político hobbesiano, é correto afirmar.


a) Hobbes reafirma o postulado aristotélico de que os homens tendem naturalmente à vida em sociedade, mas que, obcecados pelas paixões, decaíram num estado generalizado de guerra de todos contra todos.
b) O estado de guerra generalizada entre os homens emerge, segundo Hobbes, da desigualdade promovida pela lei civil e pelo desejo de poder de uns sobre os outros.
c) A idéia de que o estado de guerra generalizada ocorre com o desaparecimento do estado de natureza, onde todos os homens vivem em harmonia, constitui o fundamento da teoria política de Hobbes.
d) Segundo Hobbes, para restaurar a paz que existia no estado de natureza, os homens sujeitam-se, pelo pacto, a um único soberano para subtrair-se ao medo da morte e, por sua vez, garantir a autopreservação.
e) Segundo Hobbes, à propensão natural dos homens a se ferirem uns aos outros se soma o direito de todos a tudo, resultando, pela igualdade natural, em uma guerra perpétua de todos contra todos.

Leia o seguinte texto de Rousseau e responda à questão 7. 
Texto V 
O princípio de toda ação está na vontade de um ser livre, não poderíamos remontar além disso. [...] não há verdadeira vontade sem liberdade. O homem, portanto, é livre em suas ações [...]. Se o homem é ativo e livre, ele age por si mesmo. Tudo o que faz livremente não entra no sistema ordenado da Providência e não lhe pode ser imputado. 
[...]
A consciência é a voz da alma, as paixões são a voz do corpo. [...] [A consciência] é o verdadeiro guia do homem; ela está para a alma assim como o instinto está para o corpo: quem a segue obedece à natureza e não tem medo de se perder. [...] Existe, pois, no fundo das almas um princípio inato de justiça e de virtude a partir do qual, apesar de nossas próprias máximas, julgamos nossas ações e as de outrem como boas ou más, e é a esse princípio que dou o nome de consciência. 
(ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 396; 405; 409.) 
SEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 396; 405; 409.) 

7. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento moral de Jean-Jacques Rousseau, é correto afirmar.
 
a) Rousseau reafirma que o fundamento objetivo dos juízos morais está em Deus, que ilumina a consciência humana e nela inspira o “princípio inato de justiça e de virtude”. 
b) Herdeiro do pensamento de Platão, Rousseau defende que a prática do bem coincide com a busca interminável do conhecimento da verdade e da justiça. 
c) Rousseau reafirma que, por meio da consciência, o ser humano é movido pela busca da felicidade, alcançada pela reflexão e pelo desprezo dos desejos e das paixões. 
d) Rousseau rejeita que o fundamento da moral seja a conformidade com a lei divina, afirmando a crença na objetividade de uma lei natural, anterior a qualquer lei positiva. 
e) Rousseau recusa aceitar a existência de noções morais anteriores à experiência humana e defende que o ser humano é naturalmente movido pela busca do prazer. 

Leia o seguinte texto de Francis Bacon e responda à questão 8.
Texto VI 
[...] é necessário, ainda, introduzir-se um método completamente novo, uma ordem diferente e um novo processo, para continuar e promover a experiência. Pois a experiência vaga, deixada a si mesma [...] é um mero tateio, e presta-se mais a confundir os homens que a informá-los. Mas quando a experiência proceder de acordo com leis seguras e de forma gradual e constante, poder-se-á esperar algo de melhor da ciência.
[...]
A infeliz situação em que se encontra a ciência humana transparece até nas manifestações do vulgo. Afirma-se corretamente que o verdadeiro saber é o saber pelas causas. E, não indevidamente, estabelecemse quatro coisas: a matéria, a forma, a causa eficiente, a causa final. Destas, a causa final longe está de fazer avançar as ciências, pois na verdade as corrompe; mas pode ser de interesse para as ações humanas.
(BACON, F. Novo Organum ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza. São Paulo: Abril Cultural. 1973. p. 72; 99-100.)


8. Com base no texto e no pensamento de Francis Bacon acerca da verdadeira indução experimental como interpretação da natureza, é correto afirmar.


a) Na busca do conhecimento, não se podem encontrar verdades indubitáveis, sem submeter as hipóteses ao crivo da experimentação e da observação.
b) A formulação do novo método científico exige submeter a experiência e a razão ao princípio de autoridade para a conquista do conhecimento.
c) O desacordo entre a experiência e a razão, prevalecendo esta sobre aquela, constitui o fundamento para o novo método científico.
d) Bacon admite o finalismo no processo natural, por considerar necessário ao método perguntar para que as coisas são e como são.
e) O estabelecimento de um método experimental, baseado na observação e na medida, aprimora o método escolástico

9. Para Aristóteles, 
Só julgamos que temos conhecimento de uma coisa quando conhecemos sua causa. E há quatro tipos de causa: a essência, as condições determinantes, a causa eficiente desencadeadora do processo e a causa final. 
(ARISTÓTELES. Analíticos Posteriores. Livro II. Bauru: Edipro. 2005. p. 327.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a metafísica aristotélica, é correto afirmar. 
a) A existência de um plano superior constituído das idéias e atingido apenas pelo intelecto permite a Aristóteles a compreensão objetiva dos fenômenos que ocorrem no mundo físico. 
b) A realidade, para Aristóteles, sendo constituída por seres singulares, concretos e mutáveis, pode ser conhecida indutivamente pela observação e pela experimentação. 
c) Para a compreensão das transformações e da mutabilidade dos seres, Aristóteles recorre ao princípio da criação divina. 
d) Na metafísica aristotélica, a compreensão do devir de todas as coisas está vinculada à determinação da causa material e da causa formal sobre a causa final.
e) Para Aristóteles, todas as coisas tendem naturalmente para um fim (telos), sendo esta concepção teleológica da realidade a que explica a natureza de todos os seres.

Leia o seguinte texto de Descartes e responda à questão 10.
Texto VII
De há muito observara que, quanto aos costumes, é necessário às vezes seguir opiniões, que sabemos serem muito incertas, tal como se fossem indubitáveis [...]; mas, por desejar então ocupar-me somente com a pesquisa da verdade, pensei que era necessário agir exatamente ao contrário, e rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não restaria algo em meu crédito, que fosse inteiramente indubitável [...] E, tendo notado que nada há no eu penso, logo existo, que me assegure de que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para pensar, é preciso existir, julguei poder tomar como regra geral que as coisas que concebemos mui clara e mui distintamente são todas verdadeiras [...].
(DESCARTES, R. Discurso do Método. Quinta Parte. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 46-47.)

10.Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Descartes, é correto afirmar. 

a) A dúvida metódica permitiu a Descartes compreender que todas as idéias verdadeiras procedem, mediata ou imediatamente, das impressões de nossos sentidos e pela experiência.
b) A clareza e a distinção das idéias verdadeiras representam apenas uma certeza subjetiva, além da qual, apesar da radicalização da dúvida metódica, não se consegue fundamentar a objetividade da certeza científica.
c) Somente com o cogito, a concepção cartesiana das idéias claras e distintas, inatas ao espírito humano, garante definitivamente que o objeto pensado pelo sujeito é determinado pela realidade fora do pensamento.
d) Do exercício da dúvida metódica, no itinerário cartesiano, a certeza subjetiva do cogito constitui a primeira verdade inabalável e, portanto, modelo das idéias claras e distintas.
e) A dúvida cartesiana, convertida em método, rende-se ao ceticismo e demonstra a impossibilidade de qualquer certeza consistente e definitiva quanto à capacidade do intelecto de atingir a verdade.

sábado, 5 de setembro de 2015

Processo seletivo: UEL 2011.



1. Leia o texto a seguir.

O pensamento moderno caracteriza-se pelo crescente abandono da ciência aristotélica. Um dos pensadores modernos desconfortáveis com a lógica dedutiva de Aristóteles – considerando que esta não permitia explicar o progresso do conhecimento científico – foi Francis Bacon. No livro Novum Organum, Bacon formulou o método indutivo como alternativa ao método lógico-dedutivo aristotélico.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Bacon, é correto afirmar que o método indutivo consiste

a) na derivação de consequências lógicas com base no corpo de conhecimento de um dado período histórico.

b) no estabelecimento de leis universais e necessárias com base nas formas válidas do silogismo tal como preservado pelos medievais.

c) na postulação de leis universais com base em casos observados na experiência, os quais apresentam regularidade.

d) na inferência de leis naturais baseadas no testemunho de autoridades científicas aceitas universalmente.

e) na observação de casos particulares revelados pela experiência, os quais impedem a necessidade e a universalidade no estabelecimento das leis naturais.


2. O principal problema de Descartes pode ser formulado do seguinte modo: “Como poderemos garantir que o nosso conhecimento é absolutamente seguro?” Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira, Descartes afirma: “[...] engane-me quem puder, ainda assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto eu pensar que sou algo; ou que algum dia seja verdade eu não tenha jamais existido, sendo verdade agora que eu existo [...]”
(DESCARTES. René. Meditações Metafísicas. Meditação Terceira, São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 182. Coleção Os Pensadores.)


Com base no enunciado e considerando o itinerário seguido por Descartes para fundamentar o conhecimento, é correto afirmar:
a) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser discerníveis pelos sentidos nem pela razão, já que ambos são falhos e limitados, portanto o conhecimento seguro detém-se nas opiniões que se apresentam certas e indubitáveis.
b) O conhecimento seguro que resiste à dúvida apresenta-se como algo relativo, tanto ao sujeito como às próprias coisas que são percebidas de acordo com as circunstâncias em que ocorrem os fenômenos observados.
c) Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência do conhecimento, uma vez que somente as coisas percebidas por meio da experiência sensível possuem existência real.
d) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões que se pode observar no debate perpétuo e universal sobre o conhecimento das coisas, sendo a existência de Deus a única certeza que se pode alcançar.
e) A condição necessária para alcançar o conhecimento seguro consiste em submetê-lo sistematicamente a todas as possibilidades de erro, de modo que ele resista à dúvida mais obstinada.

3. Leia o texto a seguir. [...] não exigirei que um sistema científico seja suscetível de ser dado como válido, de uma vez por todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que se torne possível validá-lo através de recurso a provas empíricas em sentido negativo [...].
(POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Trad. L. Hegenberg e O. S. da Mota. São Paulo: Cultrix, 1972. p. 42.)
Assinale a alternativa que corresponde ao critério de avaliação das teorias científicas empregado por Popper.
a) Falseabilidade
b) Organicidade
c) Confiabilidade
d) Dialeticidade
e) Diferenciabilidade

4. Leia o texto a seguir.
Habermas distingue entre racionalidade instrumental e racionalidade comunicativa. A racionalidade comunicativa ocorre quando os seres humanos recorrem à linguagem com o intuito de alcançar o entendimento não coagido sobre algo, por exemplo, decidir sobre a maneira correta de agir (ação moral). A racionalidade instrumental, por sua vez, ocorre quando os seres humanos utilizam as coisas do mundo, ou até mesmo outras pessoas, como meio para se alcançar um fim (raciocínio meio e fim). Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria da ação comunicativa de Habermas, é correto afirmar:
a) Contar uma mentira para outra pessoa buscando obter algo que desejamos e que sabemos que não receberíamos se disséssemos a verdade é um exemplo de racionalidade comunicativa.
b) Realizar um debate entre os alunos de turma da faculdade buscando decidir democraticamente a melhor maneira de arrecadar fundos para o baile de formatura é um exemplo de racionalidade instrumental.
c) Um adolescente que diz para seu pai que vai dormir na casa de um amigo, mas, na verdade, vai para uma festa com amigos, é um exemplo de racionalidade comunicativa.
d) Alguém que decide economizar dinheiro durante vários anos a fim de fazer uma viagem para os Estados Unidos da América é um exemplo de racionalidade instrumental.
e) Um grupo de amigos que se reúne para decidir democraticamente o que irão fazer com o dinheiro que ganharam em um bolão da Mega Sena é um exemplo de racionalidade instrumental.

5. Leia o texto a seguir.
Francis Bacon, em sua obra Nova Atlântida, imagina uma utopia tecnocrática na qual o sofrimento humano poderia ser removido pelo desenvolvimento e pelo aperfeiçoamento do conhecimento científico, o qual permitiria uma crescente dominação da natureza e um suposto afastamento do mito. Na obra Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer defendem que o projeto iluminista de afastamento do mito foi convertido, ele próprio, em mito, caindo no dogmatismo e em numa forma de mitologia. O progresso técnico-científico consiste, para Adorno e Horkeheimer, no avanço crescente da racionalidade instrumental, a qual é incapaz de frear iniciativas que afrontam a moral, como foram, por exemplo, os campos de concentração nazistas.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento técnico-científico, é correto afirmar:
a) Bacon pensava que o incremento da racionalidade instrumental aliviaria as causas do sofrimento humano, apesar de a razão, a longo prazo, sucumbir novamente ao mito.
b) Adorno e Horkheimer concordavam que o progresso científico não consegue superar o mito, mas se torna um tipo de concepção mítica incapaz de discriminar o que é certo do que é errado moralmente.
c) Adorno e Horkheimer sustentavam que o crescente avanço da racionalidade instrumental consistia num incremento da capacidade humana de avaliar moralmente.
d) Bacon apontava que o aumento da capacidade de domínio do homem sobre a natureza conduziria os seres humanos a uma forma de dogmatismo.
e) Tanto Adorno e Horkheimer quanto Bacon viam o progresso técnico e científico como a solução para os sofrimentos humanos e para as incertezas morais humanas.


6. Leia o texto a seguir. Na tradição liberal, a ênfase é posta no caráter impessoal das leis e na proteção das liberdades individuais, de tal modo que o processo democrático é compelido pelos (e está a serviço dos) direitos pessoais que garantem a cada indivíduo a liberdade de buscar sua própria realização. Na tradição republicana, a primazia é dada ao processo democrático enquanto tal, entendido como uma deliberação coletiva que conduz os cidadãos à procura do entendimento sobre o bem comum. (Adaptado de: ARAÚJO, L. B. L. Moral, direito e política. Sobre a Teoria do Discurso de Habermas. In: OLIVEIRA, M.; AGUIAR, O. A.; SAHD, L. F. N. de A. e S. (Orgs.). Filosofia Política Contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 214-235.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia política na teoria do discurso, é correto afirmar que Habermas
a) privilegia a ideia de Estado de direito em detrimento de uma democracia participativa.
b) concede maior relevância à autonomia pública, opondo-se à autonomia privada.
c) ignora tanto a autonomia privada quanto a pública, substituindo-as pela utilidade das normas morais.
d) enfatiza a compreensão individualista e instrumental do papel do cidadão na lógica privada do mercado.
e) concilia, na mesma base, direitos humanos e soberania popular, reconhecendo-os como distintos, porém complementares.

7. Leia o texto a seguir.
[...] é manifestamente contra a lei da natureza, seja qual for a maneira por que a definamos, uma criança mandar num velho, um imbecil conduzir um sábio, ou um punhado de pessoas regurgitar superfluidades enquanto à multidão faminta falta o necessário. (ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Trad. L. S. Machado. São Paulo: Abril Cultural, 1991. p. 282.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a distinção entre homem natural e homem social em Rousseau, é correto afirmar:
I. A necessidade de autopreservação do homem primitivo é contrabalanceada pelo sentimento de piedade, o que o demove de praticar o mal sem necessidade.
II. O homem natural sente medo de tudo o que é desconhecido, mantendo-se, desse modo, ávido para o ataque.
III. O homem social é ambicioso e deseja elevar sua fortuna e posses, menos por necessidade e mais para colocar-se acima dos outros numa expressão de poder e superioridade.
IV. O homem social vive em paz e igualdade, de forma tranquila e harmoniosa com todos os cidadãos.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.


8. Leia o texto a seguir.
Locke divide o poder do governo em três poderes, cada um dos quais origina um ramo de governo: o poder legislativo (que é o fundamental), o executivo (no qual é incluído o judiciário) e o federativo (que é o poder de declarar a guerra, concertar a paz e estabelecer alianças com outras comunidades). Enquanto o governo continuar sendo expressão da vontade livre dos membros da sociedade, a rebelião não é permitida: é injusta a rebelião contra um governo legal. Mas a rebelião é aceita por Locke em caso de dissolução da sociedade e quando o governo deixa de cumprir sua função e se transforma em uma tirania. (LOCKE, John. In: MORA, J. F. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2001. V. III. p. 1770.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre John Locke, é correto afirmar:
I. O direito de rebelião é um direito natural e legítimo de todo cidadão sob a vigência da legalidade. II. O Estado deve cuidar do bem-estar material dos cidadãos sem tomar partido em questões de matéria religiosa.
III. O poder legislativo ocupa papel preponderante.
IV. Na estrutura de poder, dentro de certos limites, o Estado tem o poder de fazer as leis e obrigar que sejam cumpridas.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

9. Leia o texto a seguir.
Que seja portanto ele a considerar-se a si mesmo, que quando empreende uma viagem se arma e procura ir bem acompanhado; que quando vai dormir fecha suas portas; que mesmo quando está em casa tranca seus cofres; e isso mesmo sabendo que existem leis e funcionários públicos armados, prontos a vingar qualquer injúria que lhe possa ser feita.
(HOBBES. Leviatã. Trad. J. P. Monteiro e M. B. N. da Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 80.)
O texto de Hobbes diverge de uma ideia central da filosofia política de Aristóteles. Assinale a alternativa que identifica essa ideia aristotelica.
a) É inerente à condição humana viver segundo as condições adversas do estado de natureza.
b) A sociabilidade se configura como natural aos seres humanos.
c) Os homens, no estado civil, perdem a bondade originária do homem natural.
d) A insociável sociabilidade é característica imanente às ações humanas.
e) O Estado é incapaz de prover a segurança dos súditos.


10. Leia o texto a seguir.
Homero, sendo digno de louvor por muitos motivos, é-o em especial porque é o único poeta que não ignora o que lhe compete fazer. De fato, o poeta, em si, deve dizer o menos possível, pois não é através disso que faz a imitação. Os outros intervêm, eles mesmos, durante todo o poema e imitam pouco e raramente. Ele, pelo contrário, depois de fazer um breve preâmbulo, põe imediatamente em cena um homem, uma mulher ou qualquer outra personagem e nenhum sem caráter, mas cada uma dotada de caráter próprio.
(ARISTÓTELES. Poética. Trad. A. M. Valente. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2004. p. 94-95.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a mímesis em Aristóteles, assinale a alternativa correta.
a) As personagens devem aparecer agindo menos e o poeta falando mais, como faz Homero.
b) Ao intervir muito no poema, sem colocar personagens, o poeta imita com qualidade superior.
c) Ao dizer o menos possível, Homero coloca as personagens em ação e assim ele é mais imitador.
d) Homero é elogiado por iniciar seus poemas com breves preâmbulos e pouco se referir a personagens em ação.
e) O poeta deve fazer uma breve introdução e iniciar a ação narrando sem necessidade de personagens.


11. Leia o texto a seguir.
É precisamente nos ritmos e nas melodias que nos deparamos com as imitações mais perfeitas da verdadeira natureza da cólera e da mansidão, e também da coragem e da temperança, e de todos os seus opostos e outras disposições morais (a prática prova-o bem, visto que o nosso estado de espírito se altera consoante a música que escutamos).
(Aristóteles. Política. Ed: bilíngue. Trad. A. C. Amaral e C. C. Gomes. Lisboa: Vega, 1998. Livro VIII, p. 579.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a música e a teoria política de Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.
I. A música pode incitar um certo estado de espírito, por isso deve-se escolher aquela que forme bem o caráter do cidadão.
II. A música, por ter ritmo e melodia, incita paixões e mesmo qualidades éticas, sendo desnecessário cuidar de sua escolha.
III. A música é a arte que melhor imita paixões e qualidades éticas, por isso ela é importante para a formação do cidadão.
IV. A música incita a formação das virtudes e deve também ser estendida aos estratos inferiores da sociedade.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

12.
Leia o texto a seguir. 
A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. 
(Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada ética em Aristóteles, pode-se dizer que a virtude ética 
a) reside no meio termo, que consiste numa escolha situada entre o excesso e a falta. 
b) implica na escolha do que é conveniente no excesso e do que é prazeroso na falta. 
c) consiste na eleição de um dos extremos como o mais adequado, isto é, ou o excesso ou a falta.
d) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão de preferências pragmáticas. 
e) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o fato de que a natureza é que nos torna mais perfeitos

QUESTÕES: SÓCRATES E PLATÃO

01. Sócrates é tradicionalmente considerado um marco divisório da filosofia grega. Os filósofos que o antecederam são chamados de pré-socráticos. Seu método, que parte do pressuposto “só sei que nada sei”, é a maiêutica que tem como objetivo:


I – “dar luz a ideias novas, buscando o conceito”.
II – partir da ironia, reconhecendo a ignorância até chegar ao conhecimento.
III – encontrar as contradições das ideias para chegar ao conhecimento.
IV – trazer as ideias do céu a terra.


Assinale:


a) Se apenas I e II estiverem corretas.
b) Se apenas I e III estiverem corretas.
c) Se apenas II, III e IV estiverem corretas.
d) Se III e IV estiverem corretas.
e) Se I e IV estiverem corretas.


02. O método argumentativo de Sócrates (469 – 399 a.C.) consistia em dois momentos distintos: a ironia e a maiêutica. Sobre a ironia socrática, pode-se afirmar que:


I – Torna o interlocutor um mestre na argumentação sofística.
II – Leva o interlocutor à consciência de que seu saber era baseado em reflexões, cujo conteúdo era repleto de conceitos vagos e imprecisos.
III – tinha um caráter purificador, à medida que levava o interlocutor confessar suas próprias contradições e ignorâncias.
IV – tinha um sentido depreciativo e sarcástico da posição do interlocutor.


Assinale:


a) se apenas a afirmação III é correta.
b) Se as afirmações I e IV são corretas.
c) Se apenas a afirmação IV é correta.
d) Se as afirmações II e III são corretas.


03. A Alegoria da Caverna de Platão, além de ser um texto de teoria do conhecimento, é também um texto político. No sentido político, é correto afirmar que Platão sustentava um modelo.


a) monárquico, cujo governo deveria ser exercido por um filósofo e cujo poder deveria ser absoluto, centralizador e hereditário.
b) aristocrático, baseado na riqueza e que representava os interesses dos comerciantes e nobres atenienses, por serem os mecenas das artes, das letras e da filosofia.
c) democrático, baseado, principalmente, na experiência política de governo da época de Péricles.
d) aristocrático, cujo governo deveria ser confiado aos melhores em inteligência e em conduta ética.


04. Sobre a Alegoria da Caverna de Platão pode-se afirmar que


a) o filósofo deve ter uma vida exclusivamente contemplativa
b) a educação do filósofo visa também a atividade política.
c) os sentidos são fundamentais para o conhecimento
d) qualquer um pode encontrar em si mesmo, pela intuição, a luz para o conhecimento.


05. (UEM – 2008) “Sócrates: imaginemos que existam pessoas morando numa caverna. Pela entrada dessa caverna entra a luz vinda de uma fogueira situada sobre uma pequena elevação que existe na frente dela. Os seus habitantes esta lá dentro desde a infância, algemados por correntes nas pernas e no pescoço, de modo que não conseguem mover-se nem olhar pra trás, e só podem ver o que ocorre à sua frente. (...) Naquela situação, você acha que os habitantes da caverna, a respeito de si mesmos e dos outros, consigam ver outra coisa além das sombras que o fogo projeta na parede ao fundo da caverna?”.
(PLATÃO. A República [adaptação de Marcelo Perine]. São Paulo: Editora Scipione, 2002. p. 83).


Em relação ao celebre mito da caverna e as doutrinas que ele representa, assinale o que for correto.


01. No mito da Caverna, Platão pretende descrever os primórdios da existência humana, relatando como era a vida e a organização social dos homens no principio do seu processo evolutivo, quando habitam em cavernas.


02. O mito da Caverna faz referencia ao contraste ser e parecer, isto é, realidade a aparência, que marca o pensamento filosófico desde sua origem e que é assumido por Platão em sua famosa teoria das ideias.


04. O mito da caverna simboliza o processo de emancipação espiritual que o exercício da filosofia é capaz de promover, libertando o individuo das sombras da ignorância e dos preconceitos.


08. É uma característica essencial da filosofia de Platão a distinção entre mundo inteligível e mundo sensível; o primeiro ocupado pelas ideias perfeitas, o segundo pelos objetos físicos, que participam daquelas Ideias ou são suas copias imperfeitas.


16. No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e contempla a realidade fora da caverna, devendo voltar á caverna para libertar seus companheiros, representa o filósofo que, na concepção platônica, conhecedor do Bem e da Verdade, é o mais apto a governar a cidade.

SOMA:______


06. (UFF – 2011) Segundo Platão, as opiniões dos seres humanos sobre a realidade são quase sempre equivocadas, ilusórias e, sobretudo, passageiras, já que eles mudam de opinião de acordo com as circunstâncias. Como agem baseados em opiniões, sua conduta resulta quase sempre em injustiça, desordem e insatisfação, ou seja, na imperfeição da sociedade.


Em seu livro A República, ele, então, idealizou uma sociedade capaz de alcançar a perfeição, desde que seu governo coubesse exclusivamente


a) aos guerreiros, porque somente eles teriam força para obrigar todos a agirem corretamente.
b) aos tiranos, porque somente eles unificariam a sociedade sob a mesma vontade.
c) aos mais ricos, porque somente eles saberiam aplicar bem os recursos da sociedade.
d) aos demagogos, porque somente eles convenceriam a maioria a agir de modo organizado.
e) aos filósofos, porque somente eles disporiam do conhecimento verdadeiro e imutável.


07. (UFF – 2011) A Apologia de Sócrates é relato da defesa de Sócrates, escrito pelo seu discípulo Platão, diante do tribunal de Atenas. Um dos assuntos abordados nessa obra é a relação entre ignorância e conhecimento. Sócrates sentiu-se constrangido quando o oráculo de Delfos o proclamou como o “mais sábio dos homens”, já que ele se achava, ao contrário, muito pouco sábio. Mas, ao conversar com pessoas que atribuíam a si mesmas muita sabedoria, e ao constatar que elas eram tão ou mais ignorantes que ele, concluiu mesmo que deveria ser o mais sábio, pois, ao menos, ele tinha consciência de sua própria ignorância.


Comente a declaração de Sócrates de que a pior ignorância é não ter consciência dela e de que o primeiro passo no caminho do conhecimento é reconhecer a própria ignorância.
08. (UFU – MG 2007) O trecho seguinte, do diálogo platônico Górgias, refere-se ao modo de filosofar de Sócrates.


“Assim, Cálicles, desmanchar o nosso convênio e te desqualificas para investigar comigo a verdade, se externares algo com tua maneira de pensar”
PLATÃO. Górgias. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2002, p. 198, 495a.


Marque a alternativa que expressa corretamente o procedimento empregado por Sócrates.


a) A base da filosofia socrática é a procura da perfeição da alma, mediante o exame de si mesmo e dos concidadãos, que é a condição da excelência moral. A refutação socrática é, sobretudo, um modo de testar a verdade da excelência da vida.
b) A base da filosofia socrática é a procura da verdade acerca do conhecimento da Natureza e da maneira de pensar sobre os princípios racionais que governam o cosmos a partir do conhecimento acumulado pelos filósofos anteriores.
c) A base da filosofia socrática é a refutação, a partir de um convênio em busca da verdade, de todas as proposições de seus interlocutores com o intuito de demonstrar que o conhecimento das questões morais é impossível.
d) A base da filosofia socrática é a educação mediante os discursos políticos e jurídicos encenados nos tribunais atenienses. Sócrates parte das proposições dos adversários para encontrar um discurso oposto que seja retoricamente persuasivo.


09. (UFU – 2008) Leia o trecho abaixo.
E que existe o belo em si, e o bom em si, e, do mesmo modo, relativamente a todas as coisas que então postulamos como múltiplas, e, inversamente, postulamos que a cada uma corresponde a uma ideia, que é única, e chamamos-lhe que é sua essência (507b – c).
PLATÃO. República. Trad. De Maria Helena da Rocha Pereira. 8ª Ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.


Marque a alternativa que expressa corretamente o pensamento de Platão.


a) Somente por meio dos sentidos, em especial da visão, pode o filósofo obter o conhecimento das ideias.
b) No pensamento platônico, o conhecimento das ideias permite ao filósofo discernir a unidade inteligível em face da multiplicidade sensível.
c) Para que a alma humana alcance o conhecimento das ideias, ela deve elevar-se às alturas do inteligível, o que somente é possível após a morte ou por meio do contato com os deuses gregos.
d) Tanto a dialética quanto a matemática elevam o conhecimento ao inteligível; mas, somente a matemática, por seu caráter abstrato, conduz a alma ao principio supremo: a ideia de Bem.


10. (UFU – MG 2004) O trecho abaixo faz uma referência ao procedimento investigativo adotado por Sócrates.


“O fato é que nunca ensinei pessoa alguma. Se alguém deseja ouvir-me quando falo ou me encontro no desempenho de minha missão, quer se trate de moço ou velho (...) me disponho a responder a todos por igual, assim os ricos como os pobres, ou se o preferirem, a formular-lhes perguntas, ouvindo eles o que lhes falo.”
PLATÃO. Apologia de Sócrates. Belém: EDUFPA, 2001. (33a – b)


Marque a alternativa que melhor representa o “método” socrático.


a) Sócrates nada ensina porque apenas transmite aquilo que ouve do seu daímon.Seu procedimento consiste em discursar, igualmente para qualquer ouvinte, com longos discursos demonstrativos retirados da tradição poética ou com perguntas que levam o interlocutor a fazer o mesmo. A ironia é o expediente utilizado contra os adversários, cujo objetivo é somente a disputa verbal.
b) A profissão de ignorância e a ironia de Sócrates fazem parte do seu procedimento geral de refutação por meio de perguntas e respostas breves (o élenkhos), e constituem um meio de reverter os argumentos do interlocutor para fazê-lo cair em contradição. A refutação socrática revela a presunção de saber do adversário, pela insuficiência de suas definições e pela aporia.
c) Sócrates nunca ensina pessoa alguma, porque a profissão de ignorância caracteriza o modo pelo qual encoraja seus discípulos a adquirirem sabedoria diretamente do deus do Oráculo de Delfos. A ironia socrática é uma dissimulação que, pela zombaria, revela as verdadeiras disposições do pequeno número dos que se encontram aptos para a Filosofia.
d) Sócrates nunca ensina pessoa alguma sem antes testar sua aptidão filosófica por meio de perguntas e respostas. Seu procedimento consiste em destruir as definições do adversário por meio da ironia. A ignorância socrática encoraja o adversário a revelar suas opiniões verdadeiras que, pela refutação, dão a medida da aptidão para a vida filosófica.


11. O trecho abaixo, que descreve o momento da origem do Kosmos, faz uma referência ao paradigma platônico das Formas.


“Outro ponto que precisamos deixar claro é saber qual dos dois modelos tinha em vista o arquiteto quando o constituiu (o Kosmos): o imutável e sempre igual a si mesmo ou o que está sujeito ao nascimento? Ora, se este mundo é belo e for bom seu construtor, sem duvida nenhuma este fixara a vista no modelo eterno; e se for o que nem se poderá mencionar, no modelo sujeito ao nascimento.”
PLATÃO. Timeu. Belém: EDUFPA, 2001. (28c – 29a)


Marque a alternativa que caracteriza corretamente o modelo das Formas.


a) Para explicar a origem do Kosmos, Platão divide todas as coisas em duas ordens inteiramente separadas e distintas: um modelo eterno, e outro sujeito ao nascimento e às mudanças. O primeiro é somente inteligível e constitui o alvo da atividade filosófica. O segundo é sensível, sujeito à destruição, e não tem qualquer relação ou parentesco com o modelo eterno que serve de base para a arquitetura do mundo.
b) Platão postula as Formas, um paradigma eterno, que constitui a causa e a origem de todas as coisas sensíveis. Seres sensíveis são efeito das causas inteligíveis, que lhes dão a existência e os nomes. As Formas, ou Ideias, são eternamente idênticas a si mesmas, imutáveis e unas. Tudo que é sensível existe porqueparticipa das Formas e se assemelha a elas, do mesmo modo que uma imagem em relação ao modelo real.
c) Na formação do Kosmos, Platão adota dois modelos: o modelo imutável e o modelo sujeito ao nascimento. O modelo imutável é constituído pelas Formasinteligíveis e serve de base para a arquitetura do mundo porque é belo e somente pensável. O modelo sujeito ao nascimento constitui as Formas sensíveis, que dão origem as coisas mutáveis e destrutíveis.
d) Platão postula dois modelos cosmológicos na sua Filosofia: o modelo bom e eterno, e o modelo ruim e sensível. O modelo eterno representa o plano arquitetônico do kosmos, que se identifica unicamente com o que é inteligível. O modelo sensível representa tudo que é corporal. As Formas são uma duplicação inteligível do mundo sensível e servem para explicar o parentesco do pensamento com o divino.


12. “(...) Que pensamentos então que aconteceria, disse ela, se a alguém ocorresse contemplar o próprio belo, nítido, puro, simples, e não repleto de carnes, humanas, de cores e outras muitas ninharias mortais, mas o próprio divino belo pudesse em sua forma única contemplar? Porventura pensas, disse, que é vida vã a de um homem olhar naquela direção e aquele objeto, como aquilo [a alma] com que deve, quando o contempla e com ele convive? Ou não consideras, disse ela, que somente então, quando vir o belo com aquilo que este pode ser visto, ocorrer-lhe-á produzir não sombras de virtude, porque não é em sombras que estará tocando, mas reais virtudes, porque é no real que estará tocando?”
Platão. O Banquete. Trad. José Cavalcante de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 42-43.


A partir do trecho de Platão, analise as assertivas abaixo:


I – O belo verdadeiro para Platão encontra-se no conhecimento obtido pela observação das coisas humanas.
II – A contemplação do belo puro e simples é atingida por meio da alma.
III – Cores e sombras são virtudes reais, visto que se possa, ao tocar nelas, tocar no próprio real.
IV – Há, como na Alegoria da Caverna, uma relação direta para Platão entre o conhecimento e a virtude.


Assinale a alternativa que contém as assertivas corretas.


a) I e II são corretas
b) II e IV são corretas
c) III e IV são corretas
d) I, II e III são corretas


13. (UEL – 2006) Para Platão, havia outra forma de conhecer além daquela proveniente da experiência. Em sua Teoria da reminiscência, a razão é valorizada como o meio de acesso ao inteligível. De acordo com a Teoria da Reminiscência de Platão, é correto afirmar que o conhecimento é:


a) Estruturado empiricamente como condição para a realização das atividades da razão.
b) Proveniente da percepção sensível, na qual os sentidos retêm informações evidentes sobre o mundo material.
c) Originado da ação que os objetos exercem sobre os órgãos dos sentidos, produzindo um conhecimento inquestionável do ponto de vista da razão.
d) Reconhecido mediante intuição intelectual, ao se referir às ideias adquiridas anteriormente e relembradas na vida presente.
e) Fruto da ação divina que, por meio da iluminação interior, revela ao ser humano verdades eternas.


14. (UEL – 2009) Leia o texto a seguir a responda à questão.


Considera pois - continuei - o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objetos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objetos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objetos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os objetos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam?


O texto é parte do livro VII da República, obra na qual Platão desenvolve o célebre Mito da Caverna. Sobre o Mito da Caverna, é correto afirmar.


I – A caverna iluminada pelo Sol, cuja luz se projeta dentro dela, corresponde ao mundo inteligível, e do conhecimento verdadeiro do ser.
II – Explica como Platão concebe e estrutura o conhecimento
III – Manifesta a forma como Platão pensa a política, na medida em que, ao voltar á caverna, aquele que contemplou o bem quer libertar da contemplação das sombras os antigos companheiros.
IV – Apresenta uma concepção de conhecimento estruturada unicamente em fatores circunstanciais e relativistas.


Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I e IV são corretas
b) Somente as afirmativas II e III são corretas
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.


15. “Quando é, pois, que a alma atinge a verdade? Temos de um lado que, quando ela deseja investigar com a ajuda do corpo qualquer questão que seja, o corpo, é claro, a engana radicalmente.
- Dizes uma verdade.
- Não é, por conseguinte, no ato de raciocinar, a não de outro modo, que a alma apreende, em parte, a realidade de um ser
- Sim
[...] – E é este então o pensamento que nos guia: durante todo tempo em que tivermos com o corpo, e nossa alma estiver misturada com essa coisa má, jamais possuiremos completamente o objeto de nossos desejos! Ora, esse objeto é, como dizíamos, a verdade.”
(PLATÃO. Fédon. Trad. Jorge Paleikat e João Cruz Costa. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 66-67.)


Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção de verdade em Platão, é correto afirmar:


a) O conhecimento inteligível, compreendido como verdade, está contido nas ideias que a alma possui.
b) A verdade reside na contemplação das sombras, refletidas pela luz exterior e projetadas no mundo sensível.
c) a verdade consiste na fidelidade, e como Deus é o único verdadeiramente fiel, então a verdade reside em Deus.
d) A principal tarefa da filosofia está em aproximar o máximo possível a alma do corpo para, dessa forma, obter verdade.
e) A verdade encontra-se na correspondência entre um enunciado e os fatos que ele aponta no mundo sensível.

Gabarito:
1- A
2- D
3- D
4- B
5- soma= 30 (02 + 04 + 08 + 16)
6- E
7-*
8- A
9- B
10-B
11-B
12-B
13-D
14-B
15-A

Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Instituto Federal - RS - 2010

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

11. A filosofia ocidental teve início com os pensadores anteriores a Sócrates, por isso chamados de pré-socráticos, dos quais a maioria viveu em colônias gregas distantes de Atenas; destes pensadores pode-se dizer que:
A) Com os pré-socráticos a filosofia se constitui numa ciência particular e não mais no estudo da realidade total.
B) A mitologia tradicional grega fazia parte das suas doutrinas.
C) Pitágoras e os seus discípulos dedicaram-se ao estudo da política e recusaram a interferência da matemática no estudo da cosmologia.
D) Heráclito defendeu s idéia de permanência substancial e constante do ser, contra a noção de devir.
E) Os naturalistas, ou fisiólogos da Jônia, dedicavam-se sobretudo ao estudo do cosmo, e muitos deles buscavam o princípio constitutivo do mundo em algum de seus elementos: ar, água, terra, ou fogo.
___________________________________________
12. A filosofia de Aristóteles caracterizava-se pela aliança de dois métodos: a capacidade de síntese e de organização de idéias, que se completava com a análise rigorosa e a definição de terminologia. Pela sua originalidade e relevância Aristóteles foi um dos grandes mestres da Filosofia, pelo que se pode dizer:
A) Na Idade Média o aristotelismo foi uma das principais fontes de inspiração e orientação da Escolástica, particularmente de Tomás de Aquino.
B) O pensamento de seu mestre Platão foi esquecido pela posteridade, pois foi totalmente absorvido nas doutrinas aristotélicas.
C) O aristotelismo, em seu conjunto, foi a filosofia dominante em todo o Ocidente até Kant.
D) Apenas a Lógica de Aristóteles perdurou até hoje, sendo seus outros escritos perdidos ou esquecidos.
E) Embora influente durante séculos Aristóteles não é mais estudado e sua obra é apenas um nome e um capítulo das Histórias da Filosofia.
___________________________________________
13. Os filósofos pré-socráticos lançaram questões centrais sobre o problema do ser, do conhecer e da origem da natureza, do universo. Parmênides e Heráclito são duas referências importantes nesse início da filosofia ocidental que ocorreu na Grécia Antiga entre os séc. VII e V a.C. Qual é a principal diferença na forma de pensar entre Heráclito e Parmênides?
A) Heráclito é dialético e Parmênides é analítico;
B) Heráclito é platônico e Parmênides é aristotélico;
C) Heráclito diz que os sentidos enganam e Parmênides valoriza os sentidos;
D) Heráclito considera que tudo na natureza se transforma, pois todas as coisas estão em constante movimento e, portanto, conhecer é captar a mudança contínua. Já Parmênides concebe que conhecer é alcançar o idêntico, imutável;
E) Para Heráclito ninguém consegue se banhar duas vezes no mesmo rio e para Parmênides todos "os banhos" são iguais.
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14. Sócrates inaugura o período clássico da filosofia grega, também chamado de período antropológico. O problema do conhecimento passou a ser uma problemática central na filosofia socrática, pois "a briga" de Sócrates com os sofistas tinha por objetivo resgatar o amor pela sabedoria e a valorização pela busca da verdade.
Nesse contexto, Sócrates inaugura seu método que se fundamenta em dois princípios básicos, que são:
A) A indução e dedução das verdades lógicas;
B) A doxa e o lógos convergindo para o conceito racional.
C) A ironia e a Maiêutica enquanto caminhos para conhecer a verdade através do auto-conhecimento (conhecer-te a ti mesmo).
D) O diálogo e a dúvida dialética.
E) A amizade e a justiça social.
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15. Nas alternativas abaixo marque a única que não poderia contemplar o pensamento de Aristóteles relativo à ética.
A) "é impossível ensinar a virtude".
B) "a virtude é um hábito".
C) "há duas espécies de excelência: a intelectual e a moral".
D) "em relação a todas as faculdades que nos vêm por natureza recebemos primeiro a potencialidade, e somente mais tarde exibimos a atividade".
E) "os homens são bons ou maus construtores por construírem bem ou mal".
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16. Em sua constatação de que "o homem é um animal político", Aristóteles cria paralelos para que possa ser melhor compreendido. Sobre tais analogias, observe com atenção as afirmações abaixo e, logo após, marque a alternativa que aprecia corretamente as ideias do referido filósofo.
I. "aquele que é naturalmente um marginal ama a guerra e pode ser comparado a uma peça fora do jogo"
II. "o homem é o único entre os animais a ter linguagem"
III. "trata-se de uma característica do homem ser ele o único que tem o senso do bom e do mau, do justo e do injusto, bem como de outras noções deste tipo"
A) somente I e II estão corretas;
B) somente I, II e III estão corretas;
C) I e III estão incorretas;
D) II e III estão incorretas;
E) I, II e III estão incorretas;
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17. Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins na obra "Filosofando: introdução à Filosofia" desenvolvem um paralelo entre Sócrates e a própria filosofia, de onde advém as seguintes conclusões possíveis, exceto:
A) A filosofia de Sócrates não ocorre em um "gabinete" e sim na praça pública, de onde se pode deduzir que a vocação da filosofia é política, pois pública.
B) Sócrates é "subversivo" porque "desnorteia", perturba a "ordem" do conhecer e do fazer e, portanto, deve morrer. A filosofia pode ser assim "morta" quando tornada discurso do poder.
C) Sócrates guia-se pelo princípio de que nada sabe e, desta perplexidade primeira, inicia a interrogação e o questionamento do que é familiar retirando o caráter dogmático que destrói a filosofia.
D) Sócrates desperta as consciências adormecidas, mas não se considera um "farol" que ilumina; o caminho novo deve ser construído pela discussão, que é intersubjetiva, e pela busca criativa das soluções em que a filosofia apresenta-se como atitude diante de situações plurais.
E) O conhecimento de Sócrates não é livresco, mas sim vivo e em processo de se fazer; o conteúdo é a experiência cotidiana. À filosofia cabe o papel dogmático.
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18. Platão considera as opiniões e as percepções sensoriais, ou conhecimento das imagens das coisas, como fonte de erro, pois nunca alcançam à verdade plena.
Considerando a alegoria do Mito da Caverna, utilizada por Platão no livro A República para elucidar suas concepções antropológica e epistemológica, é incorreto afirmar que:
A) O Mundo Sensível é inferior ao Mundo Inteligível;
B) O verdadeiro conhecimento é atingível pela razão;
C) As sombras dos verdadeiros seres são o que os sentidos captam;
D) A verdade essencial é conhecida através do conceito;
E) O ser humano nunca se libertará das "prisões" a que está submetido por mais que lute e se esforce;
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19. Agostinho de Hipona, mais conhecido como Santo Agostinho, foi, no Ocidente, a primeira e principal referência para a criação de uma filosofia com temática cristã, ou de uma filosofia que fundamente racionalmente a fé cristã. Dele é possível afirmar ainda que:
A) Inspirou-se completamente na filosófica clássica grega e romana, sem modificar tais doutrinas.
B) Na doutrina da iluminação Agostinho defende que é possível alcançar as verdades divinas pelo mero esforço das luzes da mente humana.
C) A relação entre fé e razão mostra-se também na relação de submissão da ordem religiosa à ordem política.
D) Ao dizer "creio para entender" Agostinho está colocando a vontade como diretriz da inteligência, a fim de orientar a razão na busca da verdade.
E) Na busca da verdade Agostinho sempre quis ser antes de mais nada um filósofo, não um teólogo.
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20. Maquiavel não era filósofo, era historiador e consultor político, mas suas ideias geralmente são consideradas não só como marcantes para o nascimento da ciência política, mas também das próprias questões que deram origem à filosofia política moderna e contemporânea, e particularmente no que se refere à natureza do poder, sobre o qual ele afirmou que:
A) o soberanos deve cumprir apenas a vontade do povo, mesmo que isso prejudique a manutenção do poder em suas mãos.
B) A Ética política é uma decorrência direta da moral individual.
C) A razão de Estado, ou os interesses da República, é que devem determinar a atuação do governante.
D) A política está sempre sujeita aos interesses religiosos.
E) O ideal da República e do bem estar dos cidadãos deve estar acima da realidade das circunstâncias, sendo esse ideal o norteador da ação do príncipe.
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21. Maquiavel em O Príncipe fornece elementos para uma nova ciência política a partir do contexto do renascimento nas cidades européias. Segundo ele não existe um fundamento anterior ou exterior à política, tais como Deus ou Natureza, mas toda cidade está dividida em dois desejos opostos: os poderosos com o desejo de oprimir e comandar e o povo com o desejo de não ser oprimido. Nessa perspectiva, do realismo político, Maquiavel defende que:
A) O verdadeiro Príncipe é aquele que sabe tomar e conservar o poder;
B) A finalidade da política é a divisão do povo;
C) Os poderosos são quem devem eleger o Príncipe;
D) O poder deve ser negociado democraticamente com todas as partes;
E) O líder político precisa unir a cidade superando os desejos opostos.
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22. Galileu Galilei realizou estudos em diferentes campos da pesquisa, conforme os definimos atualmente e, assim, consagrou-se como uma espécie de instituidor das bases que norteariam a chamada Ciência Moderna. Nas passagens abaixo estão postos alguns dos pensamentos de Galileu e um nome generalizado a cada uma dessas ações.
Relacione as colunas de forma a "ligar" o posicionamento à respectiva denominação.
1. Infinito.
2. A relatividade do movimento.
3. A busca das causas.
4. O livro da natureza está escrito com signos matemáticos.
5. O conhecimento do homem e o conhecimento de Deus.
( ) "...a faculdade de entender pode considerar-se de duas maneiras, isto é, intensivas ou extensivas; e que extensivas, isto é, em relação com a multidão das coisas inteligíveis que são infinitas, o intelecto humano é como nulo, mesmo quando entende bem mil proposições, pois mil aspectos do infinito é como zero; mas, considerando o entender "intensivo", enquanto este termo representa intensivamente, isto é, perfeitamente, alguma proposição, digo que o intelecto humano entende algumas tão perfeitamente e tem a respeito delas certeza tão absoluta como a tem a própria Natureza".
( ) "...assim como os produtos se chamam quadrados, os que os produzem, ou seja os que se multiplicam, se chamam lados ou raízes. Conseqüentemente, os outros que não nascem de números multiplicados por si mesmos, não são quadrados. De onde, se eu dissesse que todos os números, incluindo os quadrados e os não quadrados, são mais que os quadrados, terei enunciado uma proposição realmente verdadeira".
( ) "...uma bola de chumbo vai ao fundo; laminada e com forma de bacia, já não vai mais ao fundo... É evidente que o resultado não é o fruto da forma ou da figura, pois essa mesma bacia, cheia d?água, mantém sua figura e no entanto vai ao fundo; nem é o ar que ela contém, já que, removido, também vai ao fundo. ...não é a figura que fará descer ou não, já que a mesma figura ora desce ora não...".
( ) "O que acontece em concreto da mesma forma ocorre em abstrato; e seria uma coisa insólita se os cômputos e os raciocínios feitos em números abstratos não correspondessem, depois, às moedas de ouro e de prata e às mercadorias em concreto".
( ) "O movimento enquanto é movimento e como movimento atua, está em relação com as coisas de que carece; mas, entre as coisas que todos participam igualmente, nada ocorre e é como se não existisse".
A legenda que contempla horizontalmente de cima para baixo classificando corretamente a relação proposta acima é:
A) 1, 5, 4, 3 e 2
B) 5, 1, 3, 4 e 2
C) 4, 3, 5, 1 e 2
D) 3, 4, 1, 5 e 2
E) 1, 3, 5, 4 e 2
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23. Hobbes escreveu sua sobras sob inspiração das doutrinas do empirismo britânico; sua concepção de Estado, como um grande corpo, o Leviatã, foi sua contribuição mais conhecida para a modernidade; essa contribuição consistiu em:
A) O Estado Leviatã é uma forma inevitável e natural de associação que traz em si mesma a opressão junto com a libertação e a salvação do cidadão.
B) O contrato social que conduz à soberania do Estado só se justifica pela sua origem e sanção divinas.
C) A soberania total do povo na constituição do Estado leva ao poder popular total, ou à verdadeira anarquia.
D) Na conclusão da obra do Leviatã Hobbes defende a tutela da Igreja sobre o Estado.
E) Definir o ser humano como potencial inimigo (lobo) do seu semelhante, obrigando à realização de um contrato social para a mútua sobrevivência.
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24. "...não basta ter o espírito bom: o essencial é aplicá-lo bem".
"Toda ciência é um conhecimento certo e evidente; e o que duvida de muitas coisas não é mais sábio do que o que nunca pensou nelas...".
"...entre as disciplinas conhecidas só a aritmética e a geometria estão isentas de todo o engano ou incerteza, vamos examinar com maior cuidado a razão disto, observando que podemos chegar ao conhecimento das coisas por dois caminhos, a saber a experiência e a dedução".
As três passagens acima foram retiradas da obra de um importante pensador moderno, a constar:
A) Galileu Galilei;
B) Emanuel Kant;
C) Nicolau Copérnico;
D) René Descartes;
E) George Berkeley;
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25. Francis Bacon é um dos filósofos modernos que mais contribuiu para a teoria do conhecimento assumir o lugar central do pensamento moderno. Em sua obra Novum Organum, aprofunda a investigação sobre a capacidade humana para o erro e a verdade. Uma das grandes contribuições de Bacon é sua formulação sobre a teoria da indução, a qual a partir de sua obra ganha uma eficácia e amplitude maior no debate sobre o método nas ciências modernas. O principio da INDUÇÂO requer que:
A) Se articule razão com sentimentos e emoções;
B) O estudo priorize o referencial teórico;
C) Todo conhecimento parte da experiência da realidade, a partir da observação direta dos objetos de estudo;
D) O método científico parta do conceito universal;
E) O conhecimento deve partir do universal para chegar ao particular.
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26. Aquilo que tradicionalmente pode ser definido como Ciência Moderna e que tem vínculos nas propostas de interpretação científica desenvolvida por Galileu Galilei possui, também na filosofia seus expoentes. Respeitadas as particularidades axiomáticas de cada um desses pensadores, marque a única alternativa que não contempla o nome de um representante do período filosófico conhecido como Filosofia Moderna.
A) Francis Bacon;
B) René Descartes;
C) Karl Marx;
D) Isaac Newton;
E) Gottfried Wilhelm Leibniz;
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27. Emanuel Kant ocupa espaço singular nas discussões sobre o tema "Estética". Abaixo encontram-se algumas apreciações simplificadas envolvendo essa "disciplina". Aponte aquela definição que melhor se encaixa no pensamento kantiano referente ao assunto.
A) Para saber o que há de verdadeiramente belo nesta terra é necessário primeiro fazer o vazio mental e limpar o espírito de tudo o que ele contém de inexato ou de insuficiente.
B) O Belo é o arranjo estrutural de um mundo encarado no seu melhor aspecto. Não se trata tanto de ver os homens como eles são, mas de os ver como deveriam ser.
C) A Beleza é formal, pois somente é belo o que é objeto de prazer universal, isto é, a beleza é um predicado do juízo que o homem junta a um objeto quando este convida para o livre jogo de uma contemplação desinteressada.
D) O Bom é o homem sério que resolve tudo em casa; a Beleza é a sua esposa florescente, o Agradável é o bebê, todo ele sentidos e jogos, o Útil é o criado que contribui com o trabalho manual, o Verdadeiro é o preceptor da família: ele dá a vista ao Bem, a mão ao Útil e apresenta um espelho à Beleza.
E) O Belo não é uma dádiva ao nível da vida. Não existe no mundo terrestre. Está acima e para além do mundo.
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28. A teoria do conhecimento de Kant revolucionou a concepção da relação entre a mente e a realidade, o que influiu também na sua doutrina sobre outras questões, inclusive a ética; desta podemos dizer que:
A) A moral de Kant não se opõe, antes aperfeiçoa a "moral do coração" de Rousseau.
B) A razão prática, que estabelece e define a moral, está na origem do exercício da liberdade.
C) O imperativo categórico não estabelece o dever, mas é apenas uma das muitas formas da lei moral interior.
D) A consciência individual é algo transcendental, que não tem nada a ver com a descoberta a lei moral universal no indivíduo.
E) A razão que fundamenta a moral não é pura nem universal, antes variável conforme as culturas e sociedades.
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29. Kant revela na crítica da Razão Pura que a leitura da obra de Hume o despertou de um sono dogmático. A partir de Hume, que questiona sobre os limites e possibilidades do ser humano conhecer a verdade. Kant inaugura uma verdadeira Revolução Copernicana se debruçando sobre o estudo das faculdades humanas voltadas para o conhecimento. A revolução copenicana de Kant consiste basicamente em que?
A) Na transição do método dedutivo para a indução;
B) Na investigação sobre as diferenças entre a razão, os sentimentos e as emoções;
C) No estudo sobre a metafísica tradicional;
D) Na investigação transcendental, ou seja, no estudo racional sobre a verdadeira capacidade humana para conhecer;
E) Na crítica sobre os autores da ciência medieval;
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30. O positivismo de Augusto Comte foi, no século XIX, uma forma de reagir teoricamente à influência das ciências e de oferecer uma fonte de inspiração filosófica para a organização da sociedade, e deste modo:
A) Como doutrina científica da sociedade o positivismo aproximou-se do marxismo, com o qual muitos de seus seguidores se identificaram.
B) Como ideal político o positivismo notavelmente muitos republicanos brasileiros, particularmente no Sul do País.
C) Na teoria dos três estágios da história da humanidade Comte considerava que caminhamos em direção a uma sociedade totalmente regida pela religião e a mitologia.
D) Em termos gerais a influência do positivismo foi muito maior na Física e na Biologia do que na Sociologia.
E) A religião da humanidade, que Comte propôs, era perfeitamente espiritual, acreditando no sobrenatural e na imortalidade da alma, sem práticas rituais nem cerimônias.
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31. Em sua obra o Existencialismo é um humanismo, Sartre defende as principais teses do seu pensamento filosófico pautado no existencialismo. Segundo ele, pode-se afirmar que em termos de concepção antropológica o ser humano está condenado a ser livre, fazer escolhas, e, portanto, escolher seu próprio destino por uma razão básica, que se contrapõe à filosofia tradicional. Tal razão básica para o existencialismo implica em:
A) Conceber que toda pessoa tem uma essência a realizar desde quando nasce;
B) Que a existência precede à essência e, por isso o ser humano não está pré-determinado a nada;
C) Aceitar que o projeto de vida é definido pelo contexto social;
D) Que o ser humano não pode mudar seu destino;
E) Compreender a vida humana em sua finitude enquanto ser para a morte.
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32. Embasados no estudo realizado por Sandro Luiz Bazzanella, aqui naturalmente alterado para atender a necessidade da presente avaliação, solicitamos que assinale "V" para verdadeiro e "F" para falso nas proposições envolvendo o tema "Nietzsche e o Niilismo" e, logo após, marque a alternativa que contenha a ordem correta verticalmente e considerada de cima para baixo.
( ) O niilismo em Nietzsche assume contornos de denúncia do vazio de sentido começando pelo desmascaramento de Deus, de suas verdades e essências, como demiurgo ordenador do universo, do mundo e da vida.
( ) O niilismo anunciado por Nietzsche apresenta-se como única saída do homem ocidental, onde a vontade de vida apresenta-se em sua multiplicidade de situações e opções, manifestando-se e assumindo-se a si mesma como participante ativa do jogo das forças fisiológicas e cosmológicas.
( ) Na visão nietzschiana captar o que significa niilismo exige que o pensemos em processo, como manifestação do desenrolar histórico da existência, do passado, do presente e do futuro existencial humano.
( ) Em Nietzsche a característica marcante do primeiro momento do niilismo (passivo) da ocidentalidade seria a passividade do homem frente a dinâmica da vida, da existência.
( ) Para Nietzsche é com Santo Agostinho que o niilismo começa a se estabelecer, quando o filósofo contribui eficazmente para que a vontade de vida comece a ser amordaçada.
A) V,V,F,V e F
B) V,F,F,F e V
C) F,V,V,F e F
D) F,F,V,V e V
E) V,V,V,F e F
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33. Marx e Engels operaram uma grande virada na filosofia ao dirigir sua atenção para a situação miserável das classes trabalhadoras, e ao fornecer instrumentos intelectuais de análise e interpretação da sociedade, capazes de modificála; entre esses instrumentos estão:
A) A aceitação e ampliação do idealismo de Hegel.
B) A definição do indivíduo por si mesmo, pela sua autonomia, e não pelas suas relações sociais.
C) O materialismo dialético, que afirma que sociedades e culturas são determinadas pelas suas condições materiais.
D) A definição da relação entre economia e sociedade, excluindo as forças produtivas da questão do modo de produção.
E) A doutrina da luta de classes como motor secundário da História, subordinado ao plano oculto da natureza.
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34. O existencialismo foi uma corrente de pensamento que fez do homem efetivamente existente o centro e o núcleo das questões filosóficas, e o ponto de partida para a Ontologia; um dos seus mais conhecidos criadores e pensadores, o francês Jean Paul Sartre,
A) Rejeita toda e qualquer dependência da filosofia de Heidegger.
B) Não aceita a metodologia fenomenológica e prefere um discurso filosófico mais próximo do dramático.
C) Considera que a existência de Deus é a garantia da plena liberdade humana.
D) Define o ser humano como um ser em projeto, inacabado, que se completa nas suas relações de solidariedade com os outros.
E) Argumenta que a essência do ser para si é sua própria existência.
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35. "Nós temos por testemunho as seguintes verdades: todos os homens são iguais: foram aquinhoados pelo seu Criador com certos direitos inalienáveis e entre esses direitos se encontram o da vida, da liberdade e da busca da felicidade. Os governos são estabelecidos pelos homens para garantir esses direitos, e seu justo poder emana do consentimento dos governados".
Essa passagem retirada de um conhecido documento público reflete principalmente as idéias de um grupo pautado pelo pensamento do:
A) Anarquismo
B) Comunismo
C) Socialismo
D) Liberalismo
E) Totalitarismo
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36. Segundo Husserl, a fenomenologia constitui-se em um novo começo da filosofia a partir da volta às coisas elas mesmas. O projeto de Husserl requer uma atitude radical a partir do retorno ao estudo da consciência, começando pela análise transcendental das estruturas constitutivas desta.
Assim, a consciência, segundo a fenomenologia de Husserl, é:
A) Intecionalidade, pois toda consciência é "consciência dá", que visa alguma coisa, dirige-se para algo;
B) Mera representação da realidade;
C) A alma do ser humano;
D) Uma construção da sociedade para com o indivíduo;
E) O reflexo do corpo humano.
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37. Habermas figura como um dos filósofos mais discutidos na atualidade através da Teoria da Ação Comunicativa, que busca inspirar uma Nova Teoria Crítica. Ele, enquanto herdeiro da Escola de Frankfurt, dialoga com as perspectivas dialética e fenomenológica, buscando fundamentar a Ética do Discurso na teoria do agir comunicativo. Nessa direção, Habermas nos remete para a necessidade de construir uma nova racionalidade, mais ampla e radicalmente critica, que ele denomina de racionalidade ético-comunicativa.
Nessa perspectiva de Construção da Razão Comunicativa, Habermas concebe que a exigência primeira é:
A) A realização da Époche, colocando toda percepção do mundo natural em suspenso;
B) A mudança do paradigma transitando da filosofia da consciência para o paradigma da linguagem;
C) O resgate da ética cristã, pautada na justiça e igualdade social;
D) Praticar a rivalidade de posições para vencer o argumento mais forte;
E) A disputa de teses contrárias para acirrar os conflitos;
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38. Perry Anderson indica três elementos de um pós-neoliberalismo possível: 1- os valores; 2- a propriedade e; 3- a democracia. Relacione esses subsídios com as respectivas definições abaixo e depois marque a alternativa que contenha a seqüência vertical de cima para baixo.
( ) Não é um valor supremo segundo as ideias neoliberais; ao contrário, é um instrumento falível, que facilmente pode tornar-se excessivo e de fato se tornou.
( ) Aqui se consagrou a cruzada neoliberal antisocialista, mas é onde, a exemplo da China, há experiências criativas que demonstram certo dinamismo no mundo contemporâneo.
( ) Ressalta-se o princípio da igualdade como o critério central de qualquer sociedade verdadeiramente livre. Igualdade não no sentido de uniformidade, mas, ao contrário, a única autêntica diversidade.
A) 1, 2, e 3
B) 3, 2 e 1
C) 1, 3 e 2
D) 2, 3 e 1
E) 2, 1 e 3
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39. O mundo atual é uma realidade multiforme e complexa que tem inspirado muitos filósofos a debruçar-se sobre as questões que são colocadas às sociedades, com variedade de posições e criatividade, num leque de opções que pode assim definir-se:
A) Apesar de sua importância as questões ambientais não têm captado a atenção dos filósofos.
B) Em questões políticas a grande maioria dos filósofos atuais defende os regimes fortes e as ditaduras.
C) A globalização contribuiu para dar ao pensamento oriental, nomeadamente às doutrinas tradicionais indianas e chinesas, ascendência dominante sobre a filosofia ocidental.
D) No que se refere à Bioética todos os problemas morais devem ser decididos pelas ciências médicas sem recurso à filosofia.
E) As grandes "escolas" ou tendências doutrinárias do século XX, como neo-escolástica, existencialismo, e marxismo cederam lugar a outras tendências e teorias, mas não desapareceram.
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40. Segundo os princípios da ética: Direito à Vida, Liberdade e Consciência responsável, o fundamento primeiro para avaliar as práticas morais inerentes à vida em sociedade é a vida. O valor maior de tudo o que temos está no direito à vida digna, que deve ser respeitado incondicionalmente. Se partirmos desse princípio - a vida - podemos avaliar que as práticas do aborto, eutanásia, eugenia, tráfico de bebês e de órgãos humanos são práticas anti-éticas por que:
A) Vão contra a moral e os princípios cristãos;
B) Produzem a morte de pessoas inocentes e indefesas;
C) Ferem o princípio ético por excelência - do direito à vida digna para todos;
D) Causam graves problemas e injustiças sociais;
E) Alimentam a violência contra a sociedade, principalmente aos mais pobres.
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GABARITO:
11 E
12 A
13 D
14 C
15 A
16 B
17 E
18 E
19 D
20 C
21 A
22 B
23 E
24 D
25 C
26 C
27 C
28 B
29 D
30 B
31 B
32 A
33 C
34 E
35 D
36 A
37 B
38 B
39 E
40 C